No dia 27/01/2018, faleceu aos 91 anos o fundador da rede de móveis sueca Ikea, Ingvar Kamprad. A notícia foi amplamente divulgada na imprensa, por conta disso, não quero desperdiçar tempo com o texto padrão do que foi noticiado.
Na verdade, gostaria de aproveitar este post, para falar um pouco da empresa, que já tentou algumas vezes dar as caras aqui no Brasil, mas desistiu entre outras coisas, pelo cambio desfavorável e demais custos.
O que mais me chama atenção na Ikea, não é a biografia (bastante controversa) do seu fundador, seus números (realmente impressionantes), posicionamento, etc... Mas sim, que se estudarmos o modelo de negócios da companhia, omitindo as datas, podemos pensar que estamos falando de estratégias de marketing e produto de uma empresa "Start-Up, preparada para consumidores “millenials”, da era da internet de um mundo sem fronteiras, mas na verdade estamos olhando para uma empresa criada em 1943, que mantem seu modelo de negócios até hoje.
Atualmente muitos designers de produtos criam móveis para uso doméstico, que possam ser facilmente transportados ocupando o menor volume possível e que depois possa ser facilmente montado pelo cliente, sem necessidade de um profissional. Este movimento ganhou força nos últimos anos, pelo crescimento do e-commerce. Em 1956 Kamprad, implementou este conceito como a base da sua estratégia, observando um funcionário que retirava os pés de uma mesa, para que o cliente pudesse levar no seu carro.
Desde o início da empresa, por não possuir capital e precisar manter os custos baixos, as vendas eram feitas através de um catálogo improvisado, anuncio em jornais locais e os pedidos eram enviados via correio. Qualquer semelhança com modelos atuais de negócio, não é mera coincidência.
Outro movimento importante no início da companhia, foi o de empregar a mão de obra local, em um negócio, que já se tornava global, ajudando e muito a economia do país, que nem sempre foi uma “Suécia” e teve seus momentos de crise. Será que isto inspirou a Zara? Não sei, mas acho que ainda pode funcionar, e muitos países estão voltando a apostar neste conceito, nos dias de hoje. Algo como "Fazer um determinado local, grande novamente"?
Atualmente tem crescido fortemente um movimento de “faça você mesmo”. Não preciso dizer, que este era em parte o modelo de negócio da Ikea, né.
Mas o que mais me impressionou na Ikea, foi como a maneira de comercializar era 100% integrada ao fabricar. Mesmo para quem possui experiência na indústria moveleira, entrar na fábrica da Ikea, não deixa de ser uma rica experiência. A empresa é altamente verticalizada (executa grande parte dos seus processos) e tem concepções de produto muito diferentes das que estamos acostumados. Tudo para que o modelo de negócio (do cliente montar o próprio produto) faça sentido.
E finalmente, se você é apaixonado por design, publicidade, marketing e propaganda, não deixe de pesquisar na internet sobre o catálogo da Ikea, em especial as propagandas que “mexem” com o jeito Apple de apresentar os produtos, é simplesmente hilário, alem do próprio catálogo, que é reconhecido pela comunidade de comunicação gráfica, como um dos mais belos do mundo.
Fica a dica!
https://www.youtube.com/watch?v=JRxPJcd0zDw
o vídeo está em ingles, mas dá para acionar legendas com tradução automática no Youtube!
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