Trocadilhos a parte, longe de mim "limitar" os tipos de mecanismo existentes no mercado de cadeiras. Afinal de contas, designers e engenheiros trabalham todos os dias desenvolvendo novas cadeiras para o mercado corporativo. No entanto, sei que todas aquelas "siglas", podem nos deixar confusos na hora de escolher a cadeira nova para o escritório. Neste "post", pretendo detalhar um pouco mais de como funcionam os mecanismos mais comuns de ajustes para cadeiras de escritório.
Logo de cara, já vou compartilhar com vocês um segredo que os vendedores de cadeira não te contam: O segredo, é que todos aqueles nomes de mecanismo (SRE, Relax, 3D, e até mesmo a "trilogia" Backsystem), não significam nada entre os fabricantes, ou seja, cada um inventa a sua nomenclatura. Então, a minha recomendação, é de que você sempre pergunte ao vendedor o que a cadeira efetivamente faz. Não precisa ter vergonha de perguntar, principalmente quando você estiver comparando cadeiras de diferentes fabricantes.
A ideia deste post, é "munir" você com um pouco mais de conhecimento, para que possa fazer as perguntas corretas, na hora de comprar uma cadeira para escritório.
Antes de mais nada, é importante definir o modelo de cadeira que mais te agrada. É claro que o modelo que você vai achar mais legal será o mais caro, então, a minha dica é começar a escolha, levando em conta o gosto e bolso.
Feita a escolha do modelo da cadeira que você quer (ou pode) comprar, é possível que ainda existam mais algumas variações, como por exemplo o tipo de base (em aço, plástico, alumínio, ou cromada, por exemplo), bem como a altura do encosto (também chamada de "espaldar", por alguns fabricantes). Mas isso, é um assunto para um próximo post. Neste aqui, pretendo me concentrar nos mecanismos, das cadeiras giratórias.
Na tentativa de padronizar o mercado, a ABNT através do seu comitê de normalização de cadeiras para escritório, criou uma tabela (pouco charmosa), para classificar as cadeiras de acordo com o seu mecanismo:
Nem preciso dizer, que o mercado não levou muito a sério esta tabela. Ou você já entrou em uma loja de cadeiras e o vendedor perguntou se você estava procurando uma cadeira Tipo A, B, C ou D? O que não quer dizer que a tabela seja inútil, e vamos partir dela como referência para entender os diferentes mecanismos:
Começando pela regulagem mais básica (que praticamente todas as cadeiras giratórias possuem), vamos falar sobre o ajuste de altura. Até uns 20 anos atrás, existiam muitos sistemas diferentes para ajuste da altura (com mola, manípulo, catraca, etc...), hoje, graças ao ganho de escala e consequente barateamento dos pistões a gás, 99,99% das cadeiras do mercado, possuem sistema de ajuste da altura e amortecimento a gás. Nesse sistema, para abaixar o assento, basta acionar a alavanca que fica na parte de baixo do assento, que (estando sentado na cadeira), ele desce e quando atingir a altura desejada, basta deixar de acionar a alavanca, que a cadeira irá parar na altura desejada. Para subir o assento, basta repetir o processo, porem desta vez, sem estar sentado na cadeira.
Ajuste do apoio da lombar
O segundo item da tabela, é o ajuste de altura do apoio da lombar. Este ajuste costuma gerar um pouco de polemica, porque nem sempre ele parece óbvio. Por vezes, simplesmente não conseguimos sequer identificar o tal do "apoio da lombar", quem dirá o "ajuste do apoio da lombar".
Um bom começo, é estabelecer, que toda a cadeira possui apoio da lombar (desde que ela possua encosto, é claro).
Nas cadeiras com encosto em tela, é mais fácil de identificar, como podemos ver na imagem abaixo.
Mas onde fica o tal do apoio, nas cadeiras com encosto em espuma?
Fica mais fácil de entender, partindo da premissa, de que a simples curvatura do encosto, já funciona como apoio da lombar. Assim sendo, seja ajustando diretamente o apoio da lombar, ou ajustando a altura de todo o encosto, obtemos uma variação da altura do apoio da lombar.
Este ajuste, pode ser através de um sistema de catraca:
Neste sistema, o ajuste é feito movimentando verticalmente o encosto da cadeira para cima, até obter a altura desejada. Para reiniciar a regulagem, basta subir o encosto até a altura máxima, que fará com que o mecanismo retorne a posição inicial (mais baixa), para reiniciar o ajuste.
Um outro sistema, bem menos comum, é o ajuste por gatilho. Neste tipo de sistema, o ajuste da altura do encosto é liberado com o acionamento de um gatilho, localizado na lateral do encosto, que ao ser solto, trava o encosto na altura selecionada.
O sistema de ajuste por manípulo, geralmente encontrado em cadeiras mais simples, com encosto menor (modelo secretária), é o sistema de manípulo. Neste caso, ao girar o manípulo localizado na parte de trás do encosto, no sentido anti-horário, você libera a movimentação vertical do encosto, e ao girar o manípulo no sentido horário, o encosto fica travado na posição escolhida.
E finalmente, nas cadeiras com encosto em tela, que possuem um mecanismo exclusivo para apoio da lombar (não dependem da curvatura do encosto), você simplesmente desliza o mecanismo para cima ou para baixo, até encontrar a posição desejada. Em algumas cadeiras, este mecanismo é fixo, e todo o encosto pode ser ajustado verticalmente com sistema de catracas, igual ao primeiro modelo. Em outros casos, a simples curvatura da tela, funciona como apoio da lombar, e podemos ajustar a altura do apoio, movimentando todo o encosto.
Ajuste de inclinação do encosto
Ao contrário do ajuste da lombar (onde ou ajustamos a altura do apoio ou de todo o encosto), para a inclinação, existem diversos sistemas diferentes. Temos desde modelos "semifixos" (lâmina com efeito de mola), até os mais complexos, que permitem o bloqueio do encosto em qualquer ângulo.
Este primeiro sistema, de ajuste de inclinação, é meio controverso, eu mesmo não gosto de considerar como ajuste, pelo simples motivo, de que não há um ajuste. Porem, para efeito de norma, se a cadeira oferece algum tipo de movimento de inclinação, que se adapta ao usuário, ele é considerado como inclinação ajustável. De qualquer maneira, fica a dica, se na especificação da cadeira estiver escrito: "Encosto lâmina" ou "encosto mola", significa que o encosto inclina quando pressionado (igual a uma mola de carro), mas sem a possibilidade de ajustar a tensão desta mola.
Este segundo sistema de ajuste da inclinação do encosto, é um dos mais completos e variados. Comumente chamado de SRE (Sistema Reclinador do Encosto), ou também "Backsystem", com suas inúmeras variações (I, II, III, o retorno, a revanche e "de férias na europa"...rsrsrs...), tem em comum entre eles a possibilidade de travar o encosto em qualquer ângulo. Algumas variantes deste sistema, são mais completas e possuem uma alavanca com três posições diferentes, sendo uma para liberar o ajuste em qualquer ângulo, a segunda que possibilita o travamento do encosto, e uma terceira que deixa o encosto livre para inclinar, de acordo com a carga aplicada (semelhante ao primeiro sistema), com a possibilidade ou não de ajustar a tensão da mola de inclinação.
Neste sistema, para ajustar você precisa acionar para cima, a alavanca que fica na parte posterior embaixo do assento, e aumentando ou aliviando o peso sobre o encosto, encontrar a inclinação desejada. Acionando esta mesa alavanca para baixo, permite que o encosto fique em movimento livre, e para travar, basta colocar a alavanca na posição central (neutra), travando o encosto em qualquer inclinação. Uma outra variação deste mecanismo, é a possibilidade de ajustar também (de maneira independente do encosto) a inclinação do assento. Para isso, basta acionar a alavanca para cima, e pressionar a borda do assento para baixo ou para cima, até a posição desejada e depois voltar a alavanca para a posição neutra.
No sistema syncron, você pode ajustar a inclinação do encosto em alguns ângulos pré-definidos de fábrica, e ao inclinar o encosto, o assento também inclina (em menor proporção, geralmente 2:1, ou seja a cada 2° de inclinação do encosto, o assento inclina 1°).
Para efetuar o ajuste, acione a alavanca que fica do lado esquerdo (por convenção, é o lado oposto da alavanca de ajuste de altura), para destravar o mecanismo, pressione com as costas o encosto para trás para que o mecanismo seja liberado. Para travar, acione a mesma alavanca para trás em uma das 4 posições. Ao ser travado e destravado, as alavancas produzem um som de "click" para sinalizar o travamento. Neste sistema, existe também a possibilidade de ajustar a tensão da mola (para quando usamos a cadeira com o encosto destravado), girando o manípulo que fica na parte da frente embaixo do assento.
Uma variação simplificada do mecanismo syncron, é o Relax. Nesse sistema, temos as mesmas funcionalidades do syncron, com a diferença de que neste caso, o assento e encosto inclinam na mesma proporção (1:1, ou seja, para cada grau de inclinação do encosto, o assento também inclina um grau).
Um tipo muito especial de syncron, encontrado apenas em cadeiras "top de linha", é o syncron com tensão automática. Neste mecanismo, além de todas as funções do syncron, o ajuste da tensão da mola de inclinação do encosto, é feita com base no peso do usuário da cadeira automaticamente no momento em que o usuário se senta.
Profundidade do Assento
Por fim (sem a intenção de esgotar o assunto), temos o ajuste de profundidade do assento. Que na verdade é o ajuste da distância relativa entre o encosto e o assento. Isso significa, que apesar do nome, o ajuste pode ocorrer através do movimento do assento (para frente e para trás), ou pelo movimento do encosto (para frente e para trás).
No primeiro caso, o ajuste acontece por meio do acionamento de um gatilho localizado abaixo do assento, que libera o movimento, para que o usuário possa movimentar o assento. Encontrada a posição desejada, basta liberar o gatilho, que o assento irá travar na posição escolhida.
Para o caso das cadeiras em que o ajuste da profundidade do assento, se dá pela movimentação horizontal do encosto. Basta girar o manípulo localizado na parte de trás debaixo do assento, no sentido anti-horário para soltar, lembrando que o botão está de ponta cabeça (quem nunca apertou um parafuso, achando que estava soltando, não é mesmo). Com o encosto solto, movimenta-se até a posição desejada, e na posição desejada, gira-se o manípulo no sentido horário para travar o encosto.
Enfim, dependendo do modelo da cadeira, existem outros diversos ajustes, como por exemplo dos braços, da borda do assento, etc... mas isso é assunto para um próximo post. Por hora, espero ter ajudado um pouco a entender a classificação das cadeiras de acordo com a ABNT (nada usual), e desmistificar aquele monte de siglas, que encontramos por ai.
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